quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Moinhos de vento





Moinhos de vento,
Que ventos nos trazem?
Memórias alegres
De tempos vividos
De amigos que idos
Jamais partirão.
Memórias sabidas
Quem em farinhas finas
Moem e remoem.
Esforços suados
Em pães amassados
Vidas que alimentam
Pobres e abastados.

Moinhos de vento
Que ventos nos trazem?
Temíveis gigantes
Que a figura triste
Dum tal cavaleiro,
Corajoso Andante,
Quixote de nome
De livros,  amante
Anseia enfrentar.
Ama Dulcineia
Ama a terra inteira
Vivo na “loucura”
Morto no “sarar”.

Moinhos de vento
Que ventos nos trazem?
Em seus braços lindos
Sonhos de meninos
Campos verdes, flores
Correrias, abraços
Risos, estardalhaços
Amor, natureza.
Moinhos sadios
Circulares, vadios
Bebem dos riachos
Brincam com o vento.
Pintam horizontes
Enfeitam os montes
Despertam paixões
Morrem com os tempos
Vivem em lamentos
E nos corações.

Moinhos de vento
Que ventos não trazem?

2013.08.28



quinta-feira, 22 de agosto de 2013


Ruas estreitas, empedradas...



Ruas estreitas, empedradas,
Também contêm gente.
Têm começo e fim
Como tudo o mais, na vida.
Sabem para onde vão
e de onde vêm.
Suportam passos diurnos, noturnos,
Apressados ou lentos.
Conhecem segredos,
Guardam-nos sob as suas pedras.
Provocam quedas, tropeções.
Quebram saltos altos,
Atraindo as moças
Pra mais perto de si…
Há quem as olhe e as ame
E quem as pise, sem as saber.

Ruas estreitas, empedradas
Têm vida, movimento, odores.
Vibram no amor e ódio das vizinhas
Que em noites soalheiras
Enfeitam degraus, janelas e portas
Com vestes, risos e palavreados.

Hoje posso olhar esta rua estreita, empedrada,
Dessas que vale a pena palmilhar.
Desço-a em degraus espaçosos, lentos
Que convidam ao pisar respeitoso.
Ao fundo a torre da igreja surge
Metáfora brilhante do fim da rua de todos nós…
Aromas de flores acompanham os meus passos,
Assinalando a vida em cada casa.
Atraso o passo
Faz-se silêncio
De sol se ilumina a jornada.
Na rua estreita,
Empedrada.

2013.08.20








domingo, 18 de agosto de 2013

Viagem de Sonho

Navega em mares revoltos,
Frágil.
Embarca em caravelas
De emoções,
De preferências,
De rejeições.
Procura a calmaria
Nas marés
E a liberdade
Nos horizontes.
Em viagens de sonho
Anseia acordar
Sem velas,
Sem remos,
Sem chão,
Sem horizontes.
E na maré do despertar
Ser tudo isso.
Viagem sem sonho
Em que o navegar
Não é partir,
Mas ficar.



14.08.2013

terça-feira, 13 de agosto de 2013




Sob Superfícies Serenas
Explodem melodias
Que nos arrastam
Tela fora…
Num convite ao que mexe em nós
Quando as pisamos,
Sob a tua arte.


        2013.08.08

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Fim de tarde


A noite cai sobre a praia. Espero-a. Ela, e tudo o que o seu chegar contêm. No aconchego do ar quente, trazido pelo vento, observo o horizonte que numa beleza exuberante, se mostra. O mar estende-se até si e funde-se em cores fortes, quentes e sombrias, deixadas pelo sol que, de mansinho, nos vai mostrando, sem pressas, o seu lado romântico, tranquilo, num convite ao amor, à poesia, ao que de mais belo pode sentir quem o contempla. A sua imensa beleza toca o mar com as cores da tarde finda, da noite vinda, deixando o brilho, que até ali foi seu, à elegante lua que se ergue no céu, curvilínea.
Na amplitude do momento em que tudo faz sentido, quebram-se todas as fronteiras. As certezas dão lugar à liberdade. Deixo de ser, sendo maior do que tudo aquilo que em mim possa caber. Na imensidão do horizonte, fundo-me com a natureza. Desapareço e conheço a paz.
2013.08.10
Carcavelos

21h

terça-feira, 6 de agosto de 2013



 Clara Visão

De olhos vendados
De ilusões e sonhos
Vejo a natureza
Como ela não é:
Imaculada.
De olhos vendados
Procuro a beleza
Nas coisas do mundo,
E a perfeição
Em perpétuos amores.
De olhos vendados
Vejo-me princesa
De lábios carnudos
E rara beleza
Que em doces abraços
Se dissolve inteira.
Êxtase de veludo,
De amores feiticeira.

Em um dia…
Em noite vadia
Desata-se o laço
Da venda que trago
Há muito comigo.
Tudo é como é
No mundo e em mim.
De olhos desvendados
De ilusões e sonhos
Encontro a beleza
Em cada jasmim
Posso olhar de frente
(espelho que não mente)
Ser feliz assim!



Artifício

Deixo escorrer sobre mim o teu criar
De movimentos feito.
Tonalidades invadem-me os sentimentos
E a emoção sai de mim.
Sou levada por ti em cores quentes.
Mergulho nas texturas do caminho
Rumo ao desconhecido.
Refresco-me em madrugadas de tons frios
Que despertam os meus sentidos.
Pintas-me a alma
Em ti me deleito,
Doce ofício, de arte feito!