In(constante)
De in (constâncias) somos feitos
Como se de uma segunda pele se tratasse.
Mas é no campo do desejo
Que mais inconstantes nos mostramos.
Hoje queremos, o que ontem rejeitamos
Amanhã deitaremos fora, o que hoje amamos
Afinal quem somos, ou será que não somos?
Se fossemos, alguma constância haveria
Como há noite e dia.
Talvez não sejamos mais do que poeiras
Que o vento leva em todas as direções.
Arrastados por inconstantes emoções
Nos fazemos chuva, sol, neve
Inundando, queimando, gelando.
E quando o sorriso chega,
Na primavera de um desejo
Sorrateiro, subtil ou grosseiro,
Logo a inconstância,
Na linguagem que lhe assiste
Se instala e persiste
Em mostrar que de constante
Existe o bastante
Contido ao luar
Num raio de luz,
No lago a brilhar
2013.10.16